Vereadora Solange Pereira: Hoje é dia de ...

Dia Nacional do Selo Postal

Chamamos filatelia ao conjunto de selos, carimbos, franquias mecânica, folhas comemorativas, etc, que permitam observarmos a evolução, desenvolvimento e usos dos correios. Os interessados neste estudo, assim como seus colecionadores, são conhecidos como filatelistas.

Para que se considere um filatelista, não basta que se possua uma grande quantidade de selos, indistintamente, sem método, sem ordem, sem nexo. Este é apenas um "juntador de selos". O filatelista é alguém que coleciona selos, isto é, coloca-os em ordem, separa-os por época ou país, variedade, tema ou qualquer outro critério por ele escolhido.

O selo é uma cédula emitida pelo Estado para atestar o pagamento devido pelo transporte e entrega da correspondência. Têm, portanto, a função de taxa e também de contrato, de confirmação pública de que a transferência do objeto ao correio é "franqueada" pela sua presença.

Depois de desempenhar sua função, ele se torna objeto de estudo, de pesquisa, de coleção e, como tal, a critério do colecionador, pode ser conservado sobre a carta, avulso, ou mesmo em seu estado original, ou seja, novo. Pelas suas pequenas dimensões (que pouco mudaram desde o primeiro selo do mundo, o penny black de 1840, um retângulo de 19 x 24 milímetros, pode ser colecionado em grande número de exemplares, ocupando pouco espaço, pois o álbum ou classificador utilizados para conservá-lo têm o mesmo volume de um livro.

Pelo fato de ser, com bastante freqüência, uma pequena obra de arte (e não apenas quando reproduz obras-primas consagradas) ou de representar monumentos e paisagens típicas de um país, o selo pode representar um testemunho da história e da vida de um povo - uma pequena página de enciclopédia que informa, oferece dados culturais, enriquece o conhecimento. Pelo próprio fato de ser normalmente preferido em lugar de outros objetos de coleção, torna-se também um companheiro de viagem dos sonhos do colecionador, que, na serena contemplação de sua coleção, pode encontrar um alívio após as suas atividades do dia-a-dia.

Filatelia é mais que um passatempo, é um meio de união entre pessoas e povos, é fonte permanente de conhecimento sobre Geografia, História, Desportos, Política, Artes de cada país e divulgação de suas belezas e riquezas naturais. É um constante desenvolver do senso estético e artístico do indivíduo a par de seu aperfeiçoamento em organização e método.

Os selos abrem sempre boas oportunidades para falar de temas como educação e alfabetização, informação e cultura. Eles permitem também apresentar de uma maneira leve e ágil temas de divulgação relativamente complexa. Os correios não têm se eximido (inclusive por meio de emissões comemorativas) de usar o selo como recurso didático. Há o exemplo célebre de uma gramática francesa utilizada nos ginásios de Florença, na qual a língua é ensinada também por meio de selos. Trata-se de um exemplo de método de ensino singular, mas aceito com simpatia pelos alunos da escola que, além de tudo, acabam tornando-se colecionadores.

O benemérito professor Antonio Di Lorenzo já é falecido, mas seu divertido texto continua sendo adotado por muitas escolas, o que confirma a validade de sua método de ensino. Nas mostras filatélicas, ouve-se falar com freqüência do selo como meio de educar - por meio do colecionismo, afinal, se descobrem personagens e eventos históricos sobre o país para o qual se volta o nosso interesse.

Dessa forma, aprende-se aquilo que nos livros escolares muitas vezes parece tedioso. No Congresso Internacional de Filatelia Temática realizado em Praga, em 1968, foram destacadas as possibilidades culturais da coleção e o uso do selo a serviço de pedagogia.

Uma pesquisa feita entre professores, levada a efeito por colecionadores estudiosos de pedagogia, mostrou que a escola reconhece no selo qualidades como o estímulo à organização, à poupança, à fantasia. O que não é pouco, hoje em dia, e confirma o selo como um magnífico subsídio didático, pois promove na criança interesses que a levam a uma pesquisa ativa, ampliando o campo de conhecimento e auxiliando seu desenvolvimento intelectual. Basta pensar como pode ser agradável aprender sobre a fauna antártica examinando um folheto emitido pela Argentina, ou então conhecer os animais pré-históricos tão em moda por meio de séries de selos, desde a primeira de San Marino, de 1965, às múltiplas séries recentemente difundidas com a onda do filme Jurassic Park. Falando em San Marino, merecem menção às séries sobre cães, flores, automóveis e trens, frutas e pássaros, aviões e navios, mamíferos e peixes, cogumelos e assim por diante. Uma verdadeira enciclopédia, agradável de manusear, que silenciosamente transmite o conhecimento e a informação que a aridez de um livro de texto dificilmente torna acessíveis.

Na história dos correios, o dia 6 de Maio de 1840 tem uma importância especial. Trata-se da data de nascimento do selo adesivo, uma revolução que permitiu superar complicados e seculares sistemas tarifários, substituindo-os por uma tarifa única em todo o território da Grã-Bretanha, modificada apenas quando uma carta tinha peso maior que o normal ou se destinava ao exterior. Essa mudança de rota se deu a partir da aceitação (após muito esforço) do projeto apresentado em 1837 por Rowland Hill, com o título de Post Office Reform. Ele previa a instituição de tarifa única de um penny para o transporte de todas as cartas endereçadas a qualquer parte do Reino Unido, além do pagamento antecipado da importância mediante a aplicação de um pequeno recibo de papel gomado sobre os objetos confiados ao correio de Sua Majestade.

O segundo país do mundo e o primeiro país nas Américas a emitir selos postais foi o Brasil, com o famoso "Olho de Boi", impresso em 1843. Daí por diante, todos os países civilizados passaram a empregar a selagem postal.